Sombras do Passado: A Persistência das Velhas
Práticas na Política Atual
O espectro dos velhos partidos prevalece atualíssimo ao refletir a influência duradoura de antigas práticas políticas no Brasil. Apesar da recente onda de novos partidos e figuras políticas, o país ainda sofre com a presença de antigos valores e métodos que parecem persistir como uma sombra sobre a política nacional. Hoje, mesmo após sucessivas reformas, a política brasileira mostra-se marcada por essa continuidade, dificultando uma renovação efetiva das práticas democráticas.
Embora muitas siglas tenham surgido nas últimas décadas, a essência de muitos desses partidos permanece a mesma. Práticas como fisiologismo, clientelismo e corporativismo – características dos antigos partidos como a UDN e o PSD – continuam a se manifestar em novos contextos. A falta de uma ruptura significativa com essas práticas históricas faz com que o sistema político, mesmo com novas nomenclaturas, carregue ainda as marcas do passado.
Esse fenômeno é visto como um obstáculo à renovação política. A estrutura partidária brasileira, apesar de ampliada, permanece controlada por uma elite que pouco mudou em termos ideológicos. Embora novos atores políticos tenham surgido, muitos são absorvidos pela lógica dos antigos partidos, mantendo um sistema que beneficia uma minoria e limita o progresso democrático. A consequência é um cenário em que as mudanças são, em grande parte, cosméticas, sem impacto real na essência do poder.
Essa continuidade impede as reformas necessárias para o desenvolvimento do país, uma questão latente e desastrosa e, tentativas de modernização são frequentemente bloqueadas pelas mesmas figuras e interesses que há décadas dominam o cenário político. Os desafios para avançar em pautas populares, como saúde, educação e segurança, são barrados pela resistência de líderes que defendem modelos que beneficiam poucos e prejudicam muitos.
Os dirigentes atuais, em grande parte, ainda reproduzem práticas herdadas dos antigos partidos, tornando-se obstáculos para uma verdadeira transformação política. Muitos líderes, em vez de representar uma nova era, agem como herdeiros dos velhos partidos, repetindo discursos e ações que já não se aplicam às necessidades atuais. Essa reprodução de valores ultrapassados dificulta a construção de um sistema político mais inclusivo e representativo.
O surgimento de novas siglas poderia sinalizar mudanças, mas, na prática, essas organizações frequentemente replicam a cultura política tradicional. A mera criação de um novo partido não garante uma renovação de valores; sem uma ruptura com o passado, os novos partidos tendem a adotar as mesmas práticas. Assim, a renovação estrutural, tão necessária, inclusive com novos atores na vida pública, é superficial, sem a profundidade necessária para responder às demandas atuais.
Essa continuidade afeta diretamente de forma invisível o engajamento de fato do cidadão na política, com pouca capacidade reflexiva e com traços de um conservadorismo indutor do atraso, que atua e vota em um sistema que ainda opera segundo as regras dos velhos partidos. Fato é que tais atitudes reforçam um ambiente político dominado pelas mesmas elites de sempre, afastando assim, quaisquer possibilidades de mudança, resultando em um déficit de novas ideias e iniciativas, restringindo o potencial de inovação e renovação da política nacional.
Dessa forma, a persistência das elites políticas e econômicas no controle das estruturas de poder, cujo controle concentra-se em poucas mãos aprofunda desigualdades sociais e limita a representatividade. As elites continuam a ocupar posições estratégicas e a influenciar políticas que favorecem seus interesses, em detrimento das necessidades populares, consolidando um sistema excludente e elitista.
O resultado é uma política que se distancia das reais demandas da população, gerando descontentamento e alienação. Em vez de atender às necessidades de saúde, educação e emprego, os recursos são frequentemente direcionados para projetos de interesse restrito. Isso gera uma crise de representatividade, entretanto, a população não percebe que as decisões políticas não refletem seus anseios, o que mina o sistema democrático, com a permanência de mesmos atores a comandar suas perspectivas.
Essa falta de renovação contribui para uma derrocada dos mais altos interesses e, principalmente, projeto de nação para se impor, seja interna ou externamente, com um grau de desenvolvimento compatível com a potencialidade do país.
A continuidade dos mesmos atores e práticas não desperta no cidadão comum a uma percepção de que as mudanças são ilusórias. A cada eleição, novos rostos surgem, mas, em essência, os métodos e objetivos permanecem os mesmos, o que alimenta uma sensação de impotência e frustração entre os eleitores, entretanto, a médio e longo prazo, que tardam em perceber que suas expectativas não foram atendidas, todavia, ao invés de abraçarem causas que lhes dizem respeito, via de regra, a cada eleição esses mesmos eleitores dão um sorriso ao passado, num círculo vicioso de inalterabilidade e uma constante perseguição ao status quo.
Por outro lado, a mídia em geral, que a princípio incumbiria um papel de extrema relevância para junto à sociedade civil propor mudanças, cumprindo o seu papel de investigar e denunciar práticas políticas arcaicas, todavia a não assim agir, não contribui para a conscientização da sociedade e, tampouco, as mobilizações populares, por meio de movimentos sociais que são vistas por um mar de pessoas como um movimento de afronta à ordem - essa mesma que os ignora - inibe o exercício de pressão para que a política se torne mais transparente e democrática.
Para que uma renovação política real aconteça, é preciso romper com as estruturas e práticas tradicionais, o povo brasileiro merece não apenas uma mudança de siglas, mas de atitudes de seus representantes. Sem uma transformação profunda na forma de fazer política, o país corre o risco de continuar preso a um modelo de poder centralizado e excludente, que representa apenas uma pequena elite e exclui a maioria da população das decisões políticas.
Esse desafio de romper com o passado é enorme, mas essencial para que o Brasil alcance uma democracia plena. Os velhos partidos, embora formalmente extintos, deixaram um legado que ainda limita o avanço de práticas inclusivas e democráticas. A resistência à mudança, presente em várias esferas do poder, reflete a dificuldade de transformar uma cultura política enraizada em interesses particulares.
Os efeitos dessa resistência à mudança não se restringem à política, mas impactam o desenvolvimento econômico e social do país. O Brasil permanece refém de um modelo que privilegia poucos e mantém uma vasta maioria em condições de desigualdade. A falta de um sistema político representativo impede a criação de políticas públicas que realmente atendam às necessidades da população, restringindo o progresso social e econômico.
A continuidade de práticas tradicionais compromete o futuro do Brasil. Com as mesmas estruturas de poder, o país fica incapacitado de se adaptar às demandas contemporâneas, como inclusão social e desenvolvimento sustentável. Essa estagnação prejudica as gerações futuras, que herdam um sistema pouco responsivo e comprometido com o bem-estar da sociedade como um todo.
Assim, a inclusão de novas lideranças políticas comprometidas com a transformação é imprescindível para mudar esse cenário. Somente com figuras que trazem uma nova perspectiva e uma real disposição para inovar é que o “espectro” dos velhos partidos pode ser dissipado, tratando-se de um movimento que exige esforço e mobilização, mas é essencial para a construção de uma democracia efetiva.
Portanto, o Brasil precisa urgentemente de uma renovação em sua política, mas o caminho é repleto de obstáculos, não sendo a mudança fácil, dado o enraizamento dessas práticas antigas. Porém, a pressão popular, infelizmente inexistente, todavia que urge, precisa de uma imprensa vigilante para despertar e manter ações populares fortes a fim de quebrar essas barreiras e possibilitar a criação de uma nova política mais justa e inclusiva.
Os desafios para superar a influência dos velhos partidos são inúmeros e complexos. O legado de décadas de práticas políticas ultrapassadas não se desfaz facilmente, entretanto, no último pleito para prefeitos, a sociedade brasileira não demonstrou disposição para exigir mudanças, não oferecendo esperança de que uma renovação real e profunda seja possível, mesmo diante de tantas dificuldades para inserção da mesma em um país que potencialmente tem de oferecer excelente qualidade de vida para seu povo a fim de criar um futuro democrático e inclusivo.