Goiases, nov/2024
Entre estratégias de expulsão e prisões arbitrárias, o governo israelense busca selar o destino dos palestinos de forma definitiva. Desde 1948, a situação nunca pareceu tão ameaçada quanto agora, à medida que se intensificam os ataques e a repressão.
Após a eliminação do líder do Hamas, Yahya Sinwar, em 16 de outubro, ficou claro que o conflito não se aproximava do fim. Benjamin Netanyahu deixou evidente que sua abordagem é a força, não a negociação. O Hamas, por outro lado, insistiu que a libertação de reféns só ocorreria com um cessar-fogo e a retirada das tropas israelenses. Essa dinâmica reflete a luta por sobrevivência política de ambos os lados.
A estratégia de Tel Aviv parece comprometer a possibilidade de um acordo duradouro. Com a recusa em permitir a entrada de forças internacionais e o retorno da Autoridade Palestina, Israel mantém um controle militar rigoroso na região. A construção de bases e novas infraestruturas solidifica essa ocupação, permitindo um controle ainda mais estrito sobre a população palestina.
A militarização da área poderia abrir caminho para a reinstalação de colonos. Nos últimos meses, houve um aumento nas reuniões para planejar novos assentamentos em Gaza. O programa “Ordem e limpeza” ilustra essa intenção, buscando "purificar" a região antes de qualquer movimentação política significativa. Essa estratégia, embora incerta, reflete um desejo de aprofundar a dominação israelense.
Enquanto isso, a situação na Cisjordânia se deteriora com a transferência de poder para o ministro Bezalel Smotrich, um dos representantes da colonização. Esse movimento aproxima a realidade da anexação de fato, evidenciada pelo recente confisco de terras. A crescente violência e o número de mortos entre os palestinos somente intensificam a resistência e a repressão.
A crise humanitária continua a ser um fator crítico, com centenas de palestinos mortos desde 7 de outubro. Essa escalada de violência alimenta a política colonial de Netanyahu, que se beneficia politicamente ao eliminar líderes do Hamas. As pesquisas de opinião indicam um aumento em sua popularidade, apesar das consequências devastadoras da guerra.
A oposição em Israel tenta se organizar, mas enfrenta dificuldades internas. Após a dissolução do gabinete de guerra, figuras como Benny Gantz criticam a falta de um plano pós-guerra. Entretanto, a pressão de aliados extremistas complica qualquer tentativa de avançar em negociações significativas.
A saída dos elementos mais radicais do governo não garante o fim da opressão sobre os palestinos. A oposição ainda justifica a colonização sob argumentos históricos, enquanto figuras como Yair Lapid exigem uma subordinação palestina a padrões ocidentais. Essas visões refletem um desejo de controle que persiste, independentemente de quem esteja no poder.
A estratégia de Netanyahu, em busca de estabilidade política, pode se beneficiar de mudanças na liderança dos EUA. A possibilidade de uma volta de Trump traz à tona preocupações sobre a reativação de políticas que ignoram as necessidades palestinas, como a mudança da embaixada americana para Jerusalém.
No cenário internacional, há uma onda crescente de apoio aos palestinos. Resoluções da Assembleia Geral da ONU destacam a necessidade de encerrar a ocupação e conceder novos direitos à Palestina. Entretanto, a falta de unidade entre as organizações palestinas continua a ser um obstáculo significativo para a formação de um movimento coeso.
O apoio à Autoridade Palestina, já debilitada, é incerto. Mahmoud Abbas enfrenta uma crise de legitimidade, com índices de aprovação alarmantemente baixos. Sua recente nomeação de um novo governo gerou reações negativas, evidenciando a frustração popular e as divisões internas.
A relação da população de Gaza com o Hamas é complexa, marcada por desafios humanitários e a resistência à ocupação. O legado de Yahya Sinwar representa um novo capítulo, mas não sinaliza o fim do Hamas. A organização continua a se posicionar como um ator central, adaptando-se às realidades do conflito.
A resiliência do Hamas, alimentada por sua capacidade de mobilização e resistência, contrasta com a desilusão popular em relação à Autoridade Palestina. Sem pressão internacional significativa para liberar prisioneiros e renovar a liderança política, o Hamas continuará a ser uma força predominante na luta pela unidade e pela liberdade do povo palestino.